quarta-feira, 28 de novembro de 2007



"Os vermes dos sentidos ponderam rapidamente a destruição. Vencer não é tudo, mas em nossa elitista e competitiva sociedade, é tudo o que conta. Bolinhos de arroz para o povo e caviar para os líderes que construíram nosso mundo ao redor de máquinas, dinheiro e matéria. Fomos deixados de lado no plano e nosso destino é definido pelo vendedor de carros usados ou pelo chefe da fábrica. Entediados, voltamos para casa de cabeça baixa e criatividade roubada como um efeito do lucro capitalista. Neste estado de delírio não há nada mais do que simples abstrações mentais da matéria e a crença de que o trabalho irá de algum modo "macht frei". A teoria que Marx reconheceu de Feuerbach, e agora nós, o povo, precisamos enxergar o espetáculo que nos liga inevitavelmente ao nosso "destino". Alienação não é comodidade, cifras, estatísticas ou faz-de-conta, mas uma ferramenta bastante real de opressão e reclusão. Se não pudermos tirar nossa parte então não devemos tomar parte. As faculdades do crânio são mais uma dimensão daquilo que está nos extinguindo. O imperialismo no terceiro mundo é dominante até mesmo em nosso gosto por bebidas e tira-gosto. Exauridos e cabisbaixos, co-operações dizem que o lucro é deles por direito e que o sangue espremido na África, América do Sul, Burma, dos países Bálticos e do Sul da Ásia não é nada mais do que interesse de mercado e "lei de oferta e procura". Seus produtos são a morte e eles são os vendedores da corrupção e do abuso de poder. Os negociantes de escravos do nosso tempo. Eles são a inquisição. As máquinas que devem ser paradas.

Gire a maçaneta e espere pelo som libertador do êxtase e da revolução. Quem paga o locutor e quem controla as estações de rádio e quem dirige os selos musicais? Quem se beneficia com a des-politização da arte e da música e quem se beneficia com o limpo som da próxima maravilha pop? Quem controla os programas de auditório e quem paga o salário dos repórteres? Aqui e agora lhe oferecemos o gosto de nossa frequência de liberação, provida por nós para sua satisfação e excitação. Aqui é a rádio clash, 33 Revoluções Por Minuto, nosso paraíso de pensamentos e idéias. Ele poderia ser seu também, se você pudesse se deixar levar e girar a maçaneta e escutar e amar e cantar e pensar.

Aprisionados pelo ritmo mortal da linha de produção. Aprisionados pelas condições impostas pelo mercado capitalista. Aprisionados pelas necessidades da vida e forçados a tomar parte. Se estamos cansados é porque devemos estar e se estamos com fome é porque temos que estar e se estamos entediados é porque isto é esperado de nós. Entediados e acorrentados e aprisionados e mortos. Novas formas de campos de trabalho forçado são organizados e novas formas de esconder a monótona batida da escravidão são apresentadas. A condição preliminar exigida para propulsionar os trabalhadores ao status de "livres" produtores e consumidores de comodidades foi a violenta expropriação de seu próprio tempo. O espetacular retorno do tempo foi possível apenas após essa desapropriação de poder. Urbanismo é apenas o capitalismo tomando posse do ambiente natural e humano; se desenvolvendo logicamente em absoluto domínio, o capitalismo pode e deve recriar a totalidade do espaço em seu próprio cenário. Tempo, trabalho, ambiente e alegria, todos possuem suas normas estabelecidas pelos modernos meios de produção.

O desajeitado jovem toca o seu pôster e de relance olha o céu e as estrelas. O dia parece não ter fim e há um certo tom de inocência e brincadeira. O mantra será repetido e aprenderemos a obedecer e amar e idolatrar os poucos escolhidos. Hábitos inconcebíveis e então temos de viver. Ideais corrompidos e ecos do passado sobre idéias que uma vez foram verdadeiras brilham como intocáveis constelações. Mas somos todos estrelas, brilhando e queimando, cruzando as estradas procurando pela próxima parada e pela próxima pausa do tédio e da escravidão capitalista. E então existe a opção entre férias de verão vs. rotina punk. E então existe a cobiça pelo dinheiro e heróis caídos. "Estamos todos cansados de morrer". Então porque não tentar viver para variar e tornar aquela trêmula luz em uma resplandecente e brilhante criação através da realização de que você sabe tudo e de que você é você?

Devo pintar para você um quadro sobre como eu me sinto? Essa situação da Arte vs. Vida e o presente elitismo dentro da burguesia. Os críticos mantém suas cabeças levantadas porque eles sabem do real sofrimento e do real trabalho enquanto nós temos as formas de comunicação e entretenimento de fácil acesso, trazidas a nós de forma simples para que as compreendamos. A falta de estimulantes dentro da arte, política e da vida fazem nossos padrões caírem e por isso nos contentamos com programas de auditório e MTV. Nós não somos estúpidos, mas e formos tratados como ingratos começaremos a agir como crianças. A falta de formas de expressão que nos desafiem e pensamentos em chamas e autoconfiança nos garante uma vazia e passiva natureza. Portanto, reclame a arte, tome de volta a alta cultura para o povo, o povo trabalhador, o povo vivo, e queime as galerias de arte, as finas construções e edifícios pertencentes a eles. Porque nós, diferente da burguesia, não temos nada a perder e portanto nossa expressão erá a única expressão honesta, nossas palavras serão as únicas desafiadoras e nossa arte será a única espressão revolucionária. Nós precisamos de um novo barulho e novas vozes e novas telas para nos tornarmos algo mais do que os últimos poetas de uma geração inútil.

As credenciais com as quais o convocamos é apenas linguística jogada e arremessada como canções de descontentamento em chamas. O programa do partido Refused grita nem uma, nem duas, nem três, nem quatro, nem cinco, mas 6 ópios e 6 estruturas de mudança e 6 níveis de liberação. Não místicas, mas diretas e atrativas e enquanto gritamos "yeah!" você sentirá a mesma sensação melhor descrita por Thomas Paine: "Deixe que me chamem de rebelde e sejam bem-vindos, não me importo nem um pouco com isto; mas devo sofrer a angústia de demônios, se fizer de minha alma uma prostituta...". Aqui e agora e todo o tempo o toque místico e a óbvia mensagem. Contemple a sabedoria do programa do partido.

Pro (a favor) - ateste (testemunhe em favor). A hora é agora e ainda assim nos sentamos e esperamos que venha o agora que achamos precisar. O movimento de protesto tem fortes tradições e estamos longe de sermos os primeiros a reconhecer e usar o poder da música e das palavras de jovens poetas. Trememos pelo gosto dos dias desperdiçados e existe inspiração e clareza. Phil Ochs afirmou que "se tenho algo a dizer, direi agora" e ainda assim a música de protesto 68 é nada mais do que um pastiche, um projeto de sedução dos ecos que um dia encheram os corredores de repúblicas e dos quartos de garotos e garotas em uma era onde rebelião e revolta estavam presentes na arte e na música. Do primeiro ao último, do gosto da liberdade desejada às correntes da opressão, a arma do artista sempre tem sido utilizada.

O Refused está morto foi o que a secretária eletrônica disse, parece que é isso aí!!! Eles já falaram merda demais sobre os ricos e sobre o governo, você ouviu o que aquelas bichas disseram em algum fanzine que alguma outra pessoa leu. Ouvi falar que eles são apenas um bando de garotinhos mimados de classe média que precisam levar umas porradas. Ingratos! Covardes! O Refused está morto guaw huydsas kjhds aowedde (sequência de luta). O Refused está morto por ordem do general postal assim como os panteras, mas dessa vez é verdade pois a SAPO grampeou seus telefones e a polícia de Umea invadiu suas casas e eles devem estar mortos.

Você está pronto/a, baby? Para a forma do punk a vir. Pegue todo o equipamento e nos encontraremos no show. É horrível que alguém tão belo se importe. Todos reconhecemos a deixa do programa gritando do fundo de seus pulmões que "Estamos todos bem vestidos e temos um lugar para onde ir." Como os garotos rebeldes do swing dos anos 40 ou os jazzistas loucos dos anos 50 ou os mods estilosos dos anos 60, todos precisamos reconhecer que estilo, em oposição à moda, é necessário para desafiar o conservadorismo das culturas adolescentes forçadas sobre nós. Estritamente dentro de nosso estilo, mas com um toque de elegância e liberdade e individualismo. O uniforme e a produção de desafios construtivos vem nas mais inesperadas formas, Ornete Coleman reinventou o jazz e nós precisamos de uma nova batida para dançarmos e para então poder perguntar para o seu parceiro: você quer sair comigo, me ver ajoelhar e sangrar? Este encontro às escuras poderá lhe levar a lugares desconhecidos e tudo será novo e assustador e vital. Mas de qualquer modo não há perigo algum em procurar, explorar. Gritar "sim!" nunca teve um gosto tão bom como agora, e você nunca teve um cavelheiro tão sedutor andando de mãos dadas com você. A nova histeria adolescente de barulho e beijos e política e louco entretenimento e diversão nua e batidas e livros e poesias e viagens e estilo. Nunca foi seguro viver em um mundo que nos ensina a respeitar a propriedade e a ignorar a vida humana. Então, largue seus pertences e emabarque neste trem, desenterre esse som estático e pense que talvez dessa vez exista apenas nós, os garotos, tocando até o fim do dia, apenas nós, derrubando estátuas e quebrando as vidraças do parlamento, só apra mostrar a eles quem tem o poder na verdade. Este encontro às escuras nos levará para onde quisermos.

Um sonho não dura para sempre. Imagine as pirâmides sendo habitadas por alienígenas e os escuros corredores e sonhos e anseios por melhores condições financeiras. O suor corre por seu pescoço e você corre e corre e corre, coração batendo, cabeça explodindo, vivo essa noite. As ruas nunca dormem, elas brilham, vibrando com os ecos de risadas e alegria, gritos e palavrões. Precisamos apenas tirar um tempo e ver o que ela pode nos oferecer e como podemos nos livrar deste tédio que o reino capitalista forçou sobre nós. Hoje podemos ser poderosos como Tannhäuser e podemos vagar excitados pelos laibirintos e curvas sabendo que a derivé é de fato potente. Então para onde vamos?

O programa Apollo foi uma farsa ou assim dizemos. A maior mentira foi a economia de mercado que nos cegou com a glória da prosperidade e liberdade. As cartas foram dadas e nós todos perdemos, de joelhos sobre a terra esperando pela salvação e então olhamos e há pingos dourados do alvorecer funcionando como sagas orais, nos mantendo acorrentados, criando glória das mentiras que o espetáculo nos provê. E enquanto continuamos quietos, assistindo às novelas criadas para nos manter sangrando por nossos olhos e nos manter suspirando e concordando, ainda há esperança na bomba de petróleo e nela, a revolução. Pois na destruição e deposição há a certeza da salvação. Precisamos destruir o museu e seus velhos artefatos, precisamos demolir as estruturas de poder que escravizam e então na revolução podemos viver e estar vivos. Sim, este é o nosso hino e nosso louvor ao bravo e audaz estranho na noite, do trabalhador revotado à esposa nervosa. Esperança, revolução e dedicação. Lute fogo com fogo e tudo irá se queimar.

Este manifesto é bem real."

REFUSED em The Shape of Punk to Come

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